quarta-feira, maio 05, 2010

Beto, Beto, Beto

O pessoal que não é de Lisboa diz que o pessoal de Lisboa é beto.
O pessoal de Lisboa corrige e diz que só o pessoal da linha de Cascais é que é beto.
O pessoal de Cascais, por seu turno, não tem outra opção senão sentir-se confortável com o seu modus vivendi ou então desabafar as maiores alarvidades ao volante do seu automóvel de elevada cilindrada enquanto está encalhado em mais engarrafamento na A5.

O nosso ponto: Betos há muitos. Com idiossincrasias muito acentuadas, como exemplificaremos.
Este Beto é do mais pungente que pode haver. Afinal, jogou num clube de betos. Foi o capitão deles, o mais beto dos betos. Teve cabelo de beto. Tem cara de beto, e logo daqueles que dá na ganza. Aposto que já usou sapatos de vela, pólos Burberry e camisas Sacoor Brothers, daquelas azuis com o rato nas costas e colarinhos brancos. Deve tratar os sobrinhos por você. Quase de certeza que organizou um jantar de beneficência ao Krpan porque pensava que ele seria um sem-abrigo. Joga, ou vai jogando, no clube que está ali entre as vivendas do Restelo e o concelho de Oeiras – portanto, clube geograficamente mais próximo do burgo central da betalhada só mesmo o Estoril (com jeitinho, ainda lá vai parar). Casou com uma mulher tão saliente quanto impregnada de silicone.
E porquê? Porque jogava bem à bola? Talvez. Por ser beto? Quiçá. Por ser o Beto? Ora aí está: a ambição de qualquer mulher com visão de futuro é contrair matrimónio com um futuro Real Madrid. Infelizmente, há especulações que nunca se concretizam materialmente. E então lá se vai o matrimónio e lá vêm as festas em catadupa.
O pesadelo do beto é ser forçado a andar de transporte público, juntamente com a gente das obras; o pesadelo deste Beto, porém, foi um camião chamado Custódio e um polícia chamado Paulo Bento. E aí a sua betice começou a ser posta em causa. Para nunca mais recuperar.
Num plano intermédio, temos este Beto. Que também começou no mesmo clube associado à betice. E não é só por causa disso que o seu nome artístico não é Pimparel. É que Pimparel ultrapassa o limite do razoável, reconheçamos. É um nome que faz o Pittbull parecer ter um nome de pessoa inteligente.
Este Beto, em rigor, não era muito beto. Era um gajo vaidoso, quanto muito, mas nunca deve ter tido um free-pass para entrar Kapital. Depois enrijeceu a barba junto dos pescadores de Leixões. Tanto voou, tanto espalhafato deu, que foi parar ao clube dos que se dizem anti-betos por excelência – aqueles que dizem que comem três sopas de cavalo cansado ao pequeno-almoço, mais uma frutinha e um telefonema a um agente desportivo na penumbra para ganhar jogos que não interessam para nada.
Lógico era que mudasse de nome. Se "beto" está demasiado colado a Lisboa, "bimbo" está colado ao Porto. Ora aí está, vamos chamar-te Bimbo e fazer-te um novo baptizado para este teu renascimento competitivo. Porque Pimparel, mesmo que fosse válido por estar no BI, estava completamente fora de hipótese. Mas por causa de direitos de marca e pressão da Panrico, Bimbo também foi uma hipótese que não saiu do papel. Envolvido nestas improfícuas discussões filosóficas, Beto deu um excelente aquecedor de banco, sendo inclusivamente seleccionado por causa desse mérito indiscutível das suas nádegas. E mesmo em certas ocasiões, quando se previa que saltasse do banco, deu-se primazia às luvas do Espírito Santo, enregeladas e extremamente sebosas, até na tepidez algarvia.
No fundo desta dinastia de betos, temos o não-beto. Um Beto acidental. Quer dizer, olhamos para a figura deste médio e para os clubes onde passou e dizemos logo que quem lhe deu a alcunha não estava a ver bem o filme. Até porque possuía Galdino no nome. Isto é a antítese do beto, o que o yin está para o yang.
Os verdadeiros betos nunca lhe perdoaram esta usurpação do nome. Se este Beto por acaso entrasse com um chapéu de viking numa praça de touros, o local para onde confluem imensas manadas de betos aos urros de “eh!, touro!”, todos iriam repugnar-se de tal forma (“Meu Deus, que horror! Aquilo tem mesmo ar de pobre!”) que ainda iriam pensar que estava ali um touro bípede.
Um bom livre no Paços, um bom golo no Beira-Mar e pronto, uma inesperada passagem para o clube com maior percentagem de adeptos desdentados de Lisboa. Sim, Lisboa é paradoxal: mesmo em frente a um dos grandes centros de opulência encontra-se o grande santuário da xungaria. E apesar do seu peculiar aspecto, chamava-se Beto e um beto no meio dos taxistas e dos garrafões não podia acabar bem.
As contradições não cessavam. Um futebol bruto digno de Fernando Aguiar mas com uma suave oxigenação capilar digna de Ruth Marlene. Um portentoso engano contra o Manchester United e sucessivas confirmações de desastre contra as equipas do campeonato português. Os adeptos estavam confusos.
Solução: apagá-lo rapidamente da nossa memória, lavar o nosso cérebro para acreditar que ele nunca aqui esteve. Este Beto, hoje em dia, é já um X-File classificado e nem o Mulder parece muito convicto da sua existência.
Agora está na Grécia. A Grécia em crise profunda, onde apenas o engenheiro do penta prospera. Esperamos que se esteja a dar bem. Porque ele, lá no fundo, merece ser feliz como os verdadeiros betos que têm as fortunas da família a sustentá-los.

O pessoal depois vinga-se nos comentários. “Eh pá, ó Rodrigues, eu até gosto da vossa SAD, mas de vez em quando vocês são um bocado parvos”. “Eh pá, ó Rodrigues, e para quando um post sobre o Paulo Vida? “Eh pá, ó Rodrigues, isso é só má fé, não tens tomates para dizer o que escreves à frente dos gajos”. Por falar em tomates:

3 comentários:

Anónimo disse...

Eh pá, ó Rodrigues tens tanta azia que só podes ter um aspecto esverdiado!

Preocupa-te com os teus e tem mas é cuidado com o Ibrahim ou ainda te vão ao Rabiu!

Carrega Benfica!

Anónimo disse...

carrega onde?
no botão que diz "Boavista Mode", dos clubes tecnicamente falidos que ganham uma competição de 5 em 5 anos e já se julgam grandes?

Chutes too veia disse...

pá ó rodri, uma pequena correcção: as vivendas do restelo é que são entre o belenenses e o concelho de oeiras...

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